A tendência e os estudos indicam que os homens têm procurado ter uma relação mais próxima e participativa na criação dos filhos. E por isso, mostra que estas mudanças estão acontecendo em todos os segmentos profissionais, como na história de dois procuradores do Estado que são exemplos desse novo paradigma paterno
Foi-se o tempo que o papel de cuidar e acompanhar de perto o crescimento dos filhos era somente das mulheres. Ao contrário do passado, em que os homens se dedicavam exclusivamente à profissão para prover a família, os pais têm hoje participado mais da rotina de cuidados e educação dos filhos, dividindo com as companheiras tarefas como trocar fraldas, dar papinhas, levar e buscar na escola. Na Procuradoria do Estado de Minas Gerais, procuradores são exemplos desta mudança de paradigma paterno, que só veio somar para a formação de adultos mais seguros e felizes.
O procurador do Estado Ivan Luduvice Cunha, 36 anos, não abre mão da convivência próxima do filho Leonardo, de 1 ano e três meses. Nos primeiros dias de vida do menino, ele conta que a mulher, Raquel Perez, que também é procuradora do Estado, teve de se dedicar sozinha ao filho devido à agenda de viagens e reuniões que tinha como presidente da Apeminas, cargo que exerceu de 2016 a 2020. “Mas quando estava aqui ajudava muito. Longe, sentia muita saudade”, lembra.
Em março deste ano, a rotina de Ivan Luduvice mudou em razão da pandemia, ele e Raquel estão trabalhando em casa e dividem a atenção com filho. “A mulher, pelo fator biológico, tem uma relação mais forte com o filho. O pai, na minha opinião, tem de construir. Com a presença física constante, é mais fácil construir um vínculo. A maternidade me tornou uma pessoa mais sensível. Instintivamente a gente pensa além da gente”, diz.
A presença de Lyssandro Norton na vida dos quatro rebentos também foi forte na infância deles, sobretudo na dos trigêmeos que nasceram prematuros e, depois de permanecerem três meses no CTI de um hospital, exigiram cuidados especiais em casa. “Sou também professor universitário e quando eles eram bebês, acordava para dar mamadeiras, trocar fraldas. Lembro-me de dormir 3 horas por dia naquele período, para conciliar o trabalho de procurador, professor e atenção aos filhos. Cheguei a cochilar no volante”, lembra.
Hoje Lyssandro divide o apartamento com a mulher, Daniela, e os filhos dela, Flávia, 12 anos, e Leonardo, de 15. “Há cinco meses estamos todos em casa por causa da pandemia. É uma relação intensa e de aprendizado diário, assim como me comporto com meus filhos, tento ser colaborativo e carinhoso com a Flávia e o Leo, respeitando a individualidade de cada um”, diz, lembrando que a convivência estreita só traz benefícios para uma relação de cumplicidade ainda maior com os filhos crescidos. “A Ester (filha mais velha), de 19 anos, já é uma parceira de viagens, shows, vinhos e com ela faço até confidências. É hoje uma companheira”, celebra.